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Parte 7 - Tempos de Guerra

  • Foto do escritor: Jornalismo
    Jornalismo
  • 22 de nov. de 2019
  • 2 min de leitura


Foto: Arquivo Histórico


Por Olga Helena


Foi um alemão, Hermann Bruno Otto Blumenau, que em 1850 desembarcou do Rio Itajaí Açu, para a cidade que mais tarde levaria seu nome. Com colonização germânica, Blumenau sempre foi o refúgio para os imigrantes vindos do país europeu. As casas, tradições, comidas e vestimentas, eram todas heranças dos alemães. Por isso, quem vivia na cidade se sentia confortável ao falar seu idioma nativo em solo brasileiro. Mas isto estava prestes a mudar.

Albert Muller, era apenas um rapaz de vinte e poucos anos, quando aprendeu da pior forma o que a guerra significava para os descendentes de imigrantes alemães. Professor no Turnverein (Associação Gymnastica Blumenau), um clube de ginástica e dança, ele lecionava na língua alemã. O que em 1939 passou a ser visto com maus olhos pelo Governo e sociedade brasileira.

O Turnverein (Associação Gymnastica Blumenau), era um local com uma área de 11.383 metros quadrados, onde crianças e jovens praticavam diversas modalidades esportivas como: futebol, ginástica artística, escalada, natação, atletismo entre outras.

Em 1939, o medo e a insegurança se espalharam por todos os cantos do planeta. Se iniciava um dos confrontos mais sangrentos e cruéis da história, a Segunda Guerra Mundial. No Brasil, as marcas desse embate só chegaram em 1942 quando submarinos do Eixo (Alemanha, Itália e Japão) atacaram navios da marinha mercante brasileira, deixando milhares de mortos, que o oceano tratou de sepultar. Após esse ataque, o Governo brasileiro, se posicionou contra os países do Eixo, de modo que imigrantes alemães e até mesmo os nascidos em solo brasileiro, passaram a ser perseguidos e acusados de espionagem. Assim, falar alemão nesta época não era uma boa ideia.

A decisão do Governo de cortar relações com os países aliados aos nazistas, impactou diretamente a cidade de Blumenau, que em 1939 possuía menos de 100 anos. E o idioma alemão ainda era muito presente nos lares e também em escolas e clubes da região.

Em 1942, Albert e outros professores do clube receberam uma notícia devastadora. A Associação iria fechar as portas por ordem do Governo. A estrutura que antes abrigava centenas de alunos e sócios, passou a abrigar a sede do Exército Brasileiro de Blumenau. Foi a forma que o Estado encontrou para calar aqueles que sequer tinham culpa das ações dos nazistas. E como em um julgamento sem direito a defesa, aqueles que antes trabalhavam seus corpos e mentes foram sentenciados à forca.

E, simples assim a associação encerrou suas atividades para nunca mais voltar. A estrutura que antes era tão festejada e cheia de alegria e estudantes, hoje exibe rachaduras, vidros quebrados e pichações por toda a construção. Pois é, quem sabe a culpa disso tudo é mesmo dos espiões em Blumenau.

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