Parte 3 - Um sonho em ser ginasta
- Jornalismo
- 22 de nov. de 2019
- 3 min de leitura
Por Bruna Gabriela e Larissa Segatte
Eu tinha apenas 17 anos quando comecei a me interessar pela ginástica. Minha família é alemã, e como tal, ao chegar em Blumenau, viu-se na obrigação de preservar os seus costumes, hábitos e tradição. Foi assim que nasceu, em 1873, a Associação Gymnastica Blumenau, chamada de Turnverein Blumenau, que mais do que difundir a ginástica olímpica, esporte e jogos em geral, também tinha o objetivo de preservar a cultura alemã. Como a minha família fez parte da fundação do Turnverein Blumenau, era quase certo que eu, Peter*, fosse me apaixonar pelo esporte, no caso, a ginástica. Os tempos eram bons. A ginástica era bem mais do que praticar exercícios físicos. Tratava-se de um movimento que ajudava a formar cidadãos, estimulava o trabalho em equipe, a confiança, além de preservar a nossa cultura em meio a uma nova terra: a cultura germânica.
Parecia loucura fazer aquela série de movimentos, exigindo força, flexibilidade e coordenação motora, utilizando os aparelhos que causavam um certo estranhamento na maioria das pessoas. Argolas, cavalo com alças, barras fixas e paralelas, trave e barras de equilíbrio e assimétricas. Equipamentos que por muitos anos, me fizeram companhia na Associação. Meu grupo e eu desempenhávamos atividades como correr, saltar, lançar, puxar, levantar, transportar, lutar, além de praticar exercícios de equilíbrio. Porém, para que pudéssemos fazer tudo isso, era necessário muita preparação, postura e resistência. Então, o treinamento e o comprometimento eram indispensáveis, e isso tudo me fascinava.

Foto: Acervo Histórico
Em 1924, fomos pioneiros. O primeiro ginásio coberto de Santa Catarina foi construído bem aqui, em Blumenau. Muitas coisas mudaram para melhor. O espaço era amplo, arejado, as janelas permitiam que entrassem os raios de sol e tinha todos os equipamentos necessários para praticar as nossas atividades. Lá, os grupos de teatro, dança, esportes, especialmente o punhobol, praticavam suas atividades, incluindo nós, o clube de ginástica. Para mim, a melhor sensação era fazer aquilo. O topo da pirâmide não é nada comparado ao nível que desejo chegar. Desde os 17 anos, meu sonho era estar aqui em cima, e agora, estou entre os maiores grupos e participo de competições em todo o estado. O meu sonho se tornou em realidade. Espero que este esporte acompanhe gerações e ajude a mudar a vida de milhares de pessoas, assim como mudou a minha.
A ginástica está na minha vida. Nunca saiu da minha vida. Eu sou muito grato, aos meus pais que me colocaram no esporte, e aos meus treinadores que me ajudaram a me desenvolver e aperfeiçoar as minhas técnicas ao longo dos anos. A ginástica é boa para tudo. Era como se fosse um parque de diversões para a gente. A gente estava lá se divertindo. Trazia muita alegria para todos. Quando lembro da minha história como atleta da Turnverein Blumenau, me recordo da chuva de aplausos com cada apresentação. As acrobacias despertavam o interesse das pessoas, que ficavam sem acreditar no que podíamos fazer durante a apresentação.
Cada conquista era celebrada por todos os membros da associação. Lembro como se fosse ontem quando, em 1923, todos ficaram alvoroçados com a chegada dos novos equipamentos vindos da Alemanha. Uma barra-fixa desmontável, paralela e o cavalo com alças. Tantos anos para termos os nossos equipamentos novinhos em folha. Foram anos de trabalho árduo até que pudéssemos usufruir de algum retorno. Quem sabe, quando meu filho crescer, ele possa treinar com os mesmos equipamentos que um dia eu treinei.

Foto: Acervo Histórico
***Os nomes e personagens tratados nesta crônica são fictícios***
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