O que aprendi sendo professor

Lucas Lemes Gavião

Não é surpreendente que a pergunta sobre “professores que marcaram sua vida” tenham, quase que de imediato, pelo menos um ou dois nomes em sua resposta. Eu mesmo coleciono alguns nomes em minha memória e continuo aumentando essa lista de profissionais tão marcantes. Inclusive, alguns destes professores despertaram um desejo em mim, o de atuar nessa profissão em alguma oportunidade futura. Demorei a entender o porquê de tal vontade, mas ao estar a frente de uma sala de aula, não foi difícil descobrir.

Há pouco menos de dois anos, ao surgir uma oportunidade, me lancei nesse desafio. Após dois anos trabalhando atrás de um computador, voltar a interagir com um público, sendo, neste caso, a única referência desse público, parecia um pouco complicado. E de fato era.

Para ser professor não basta ter conhecimento sobre algo, mas estar seguro o suficiente para saber transmití-lo. Tudo bem, parece tranquilo. Entretanto, é preciso lembrar que os alunos são compostos por pessoas diferentes e uma mesma abordagem pode não alcançar a todos. Neste momento, percebe-se que conhecer cada aluno, assim como tentar entender um pouco de suas necessidades de aprendizado também são um desafio da profissão.

Conhecer seus alunos, saber como lidar com eles em grupo e individualmente, mostrar que um erro é uma simples etapa do aprendizado, ter paciência (às vezes muita paciência), explicar uma, duas, três vezes ou mais se necessário. A ideia é fazer a aula render, não para você, mas para quem está adquirindo o conhecimento.

E qual o retorno desta experiência? No meu caso, enquanto professor de inglês, muitas vezes esse retorno se dá em própria sala de aula. Ver alunos produzindo de maneira independente, aplicando algo que parecia difícil, mas agora já é feito de maneira natural, ou simplesmente conseguindo interagir comigo no idioma e se orgulhar de seu progresso. A sensação de gratificação é inexplicável. Assim você percebe o quanto os alunos também podem marcar sua vida.

Sinto-me muito feliz e satisfeito quando um aluno sabe reconhecer o progresso que faz em virtude de seu esforço, mas há uma situação que ainda não consigo descrever como me sinto: quando um aluno espontaneamente reconhece meu trabalho. O reconhecimento vindo de uma pessoa ou grupo que você orienta é, de fato, indescritível.

Ser professor é aprender todos os dias com aqueles a quem você ensina. Ao longo desses quase dois anos conheci pessoas incríveis e cresci muito por conta delas. Assim como a minha lista de professores memoráveis continua a aumentar, hoje, minha nova lista, essa com nome de alunos que me marcaram, segue ao mesmo passo.