Museu de ecologia Fritz Müller: O homem, a fauna e a flora
- Jornalismo
- 30 de nov. de 2019
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Por: Alan Carlos Gonçalves
A rua que liga os municípios de Blumenau e Gaspar (SC), localizada na margem direita do Rio Itajaí-Açu, é o local onde se encontra o museu que mantém viva a memória de Fritz Müller, o alemão que dedicou sua vida à ciência. Naturalista, botânico, doutor em filosofia e professor de álgebra e história natural, Fritz Müller dedicou-se ao estudo da fauna e da flora de Santa Catarina.
O museu foi fundado em 17 de junho de 1936 pelo então prefeito de Blumenau, Alberto Stein, cujo mandato havia se iniciado apenas três meses antes. Nele, são abordados com clareza a história de Fritz Müller, a fauna e a flora local e os diferentes ecossistemas da região. Seu patrimônio é composto por seis salas, nas quais estão distribuídas diversas coleções de animais taxidermizados ou conservados em meio líquido, insetos, fósseis, ossos e bens que pertenceram à Fritz e sua família. As cartas trocadas pelo naturalista e Charles Darwin também estão arquivadas no local.
Ao entrar na primeira sala, nos deparamos com um móvel formado por diversas gavetas que, ao serem abertas, expõem insetos como borboletas, mariposas, joaninhas, gafanhotos, aranhas, entre outros. Na sala há também a história do biólogo apresentada em banners fixados na parede.
Nos outros cômodos encontram-se animais taxidermizados, bem como imagens que mostram as etapas da taxidermia, animais empalhados e conservados em líquido, fósseis, móveis e objetos que pertenceram a Fritz Müller e sua família, incluindo instrumentos indígenas, com os quais ele teve uma grande afinidade.

Ao lado da porta que leva à segunda sala, há uma mesa na qual fica o livro onde as pessoas assinam seus nomes para registrar sua passagem. A visita realizada pela nossa equipe no dia 15 de setembro de 2018 ficou registrada nos números 13.896 e 13.897.
O museu, que atende cerca de 4.000 visitas anuais, está sob a gestão da Fundação Municipal do Meio Ambiente (FAEMA) e recebe atrações esporádicas que contribuem para o aumento de visitantes. No mês de junho, por exemplo, o museu recebeu algumas atrações referentes ao Junho Verde, mês do meio ambiente. A operação Caixae – Água, coordenada pelo professor Maurício Capobianco Lopes, da FURB é uma delas. Trata-se de uma atividade, exposta no museu de 12 a 16 de junho, que buscou trabalhar os recursos hídricos, abordando cinco conteúdos: relevo, bacia hidrográfica, rios e nascentes, áreas de preservação permanente e ocupação humana. Na ocasião, cinco escolas da cidade foram atendidas. Ao todo, aproximadamente 361 pessoas foram recebidas no mês de junho.
Além disso, o museu recebeu no dia 23 de novembro de 2017 a visita de Hugo Brookes, bisneto de Fritz. O objetivo de sua visita foi verificar a prova da existência das 56 cartas trocadas entre Fritz Müller e Charles Darwin. Hugo é neto de Johanna Müller e atualmente está com 81 anos.
Anexo ao museu está o Centro de Educação Ambiental Rodolfo Gerlach, no qual há um auditório com capacidade para 40 pessoas, um espaço para exposições, reuniões e eventos. No jardim, podem ser observadas espécies plantadas pelo próprio Fritz Müller.
Devido aos danos causados pela forte chuva que atingiu a cidade em 2008, o museu teve de ser fechado e assim permaneceu durante quase quatro anos. Ele foi restaurado e reaberto para visitas em 2012, porém, outras restaurações estão previstas para breve. Serão realizadas mudanças na sua estrutura externa e interna, como preparativo para comemoração do bicentenário do naturalista, que será em 2022. Além disso, será feita uma busca histórica sobre Fritz Müller em outros museus, como na Europa, e em universidades brasileiras.
A reforma será dividida em duas partes: o restauro do museu e a construção de um anexo de apoio, mas ambas farão parte do Museu Fritz Müller. Segundo o presidente da FAEMA, Eder Boron, a ideia principal é fazer a restauração total do museu Fritz Müller, a fim de criar um museu interativo, mais moderno e que traga maior número de visitantes, tanto pelo acervo, quanto por ser o local onde Fritz residiu. A casa original do naturalista, que tem a arquitetura enxaimel, é a terça parte da construção atual, pois ao longo do tempo foram realizadas algumas adequações na estrutura para atender a demanda crescente do museu.
No ambiente externo também será construído uma espécie de auditório ao ar livre, para que seja possível fazer educação ambiental no modelo de observação da fauna e flora, já que Charles Darwin costumava chamar Fritz de "Príncipe dos Observadores". Anexo ao museu está prevista uma estrutura moderna e ecologicamente correta, que abrigará no futuro a curadoria do museu, a biblioteca, salas de estudos e pesquisas, laboratório para a taxidermia e um auditório com capacidade para 60 pessoas, no qual pretende-se realizar exposições de arte ambientais, projetos culturais e realização de eventos voltados à educação cultural e ambiental. “Vamos resgatar a arquitetura enxaimel da casa original, restaurar o telhado para evitar problemas com o acervo e remodelar os ambientes interno e externo do museu, sempre preservado as questões históricas” esclarece Eder.
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