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Padarias geram desperdícios

  • Foto do escritor: Jornalismo
    Jornalismo
  • 11 de nov. de 2019
  • 4 min de leitura

Por Larissa Segatte








Sustentabilidade entra no foco dos estabelecimentos.


Quando se pensa em sustentabilidade, o que vem à mente? Geralmente o primeiro pensamento gira em torno de não poluir o meio ambiente, fazer a reciclagem de lixo, economizar água e afins.


O termo sustentabilidade teve origem na Noruega, em 1987, pela primeira ministra Gro Harlem Brundtland que, em seu livro ela definiu como "suprir as necessidades do presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprirem as próprias necessidades".


Desde o início da história o homem se via como o mais poderoso rei da floresta e buscava suprir a necessidade de se alimentar e extrair benefícios para si, da terra. E foi a partir daí que surgiu nossa sociedade de consumo. Essa forma de vida fez com se pensasse no acúmulo de bens sem se preocupar com o desperdício. Utilizar e descartar sem pensar que nossos recursos naturais são limitados e que um dia irão acabar.


O ideal é evitar esses desperdícios, pensar de forma diferente e tratar a natureza com respeito. Ser justo, ter respeito ao próximo, pois convivemos em sociedade. Pensar em maneiras de compensar o que se está sendo tirado da terra em prol do homem.


ALIMENTAÇÃO E RESÍDUOS

O desperdício de alimentos é uma causa pertinente em nosso cotidiano. O Brasil, segundo a Embrapa, em 2013, era o quarto maior produtor mundial de alimentos e o desperdício registrado no país era de 26,3 milhões de toneladas por ano. Com o que foi desperdiçado naquele ano, cerca de 35 milhões de brasileiros poderiam ter sido alimentados. Em 2014, mais de 7 milhões de pessoas passaram fome no Brasil, segundo o IBGE.


Assustador, não é? Antes de fazer uma refeição o ideal é pegar apenas o necessário, para evitar que o excesso seja descartado. Se a sobra for inevitável, pense em fazer doações, ajudar o próximo. Muitas vezes o animalzinho de rua só precisa de um pouco de comida para ser mais feliz.


Destinar os restos de alimento corretamente também é essencial. O lixo é um dos assuntos que requer atenção, pois só no Brasil são produzidas diariamente, cerca de 250 mil toneladas de lixo, a maior parte, formada por resíduos orgânicos.


Composição do lixo brasileiro:

o Orgânico (52%)

o Papel e Papelão (26%)

o Vidro (2%)

o Plástico (3%)

o Metais como, por exemplo, ferro, alumínio, aço, etc. (2%)

o Outros (15%)

De todo o lixo produzido cerca de 97% das latinhas de alumínio são descartadas e apenas 55% de garrafas pet são recicladas, de acordo com sites especializados.


DESPERDÍCIOS

Desde 2012, o índice de crescimento das empresas de panificação e confeitaria foi de 11,6%. Como esse espaço que vem sendo conquistado pelo ramo de panificação, vem junto a competição entre as mesmas, para conquistar um lugar de prestigio entre o público. Com o passar dos anos as padarias vêm se modificando, os produtos se alteram, bem como a forma de atender ao público e o que é oferecido.


Hoje em dia a padaria é mais do que um ambiente para vender pães e virou espaço de lazer. O que é oferecido para os consumidores varia muito entre pães e doces e inclui também outros gêneros de primeira necessidade, como açúcar e café, oferecendo um auxílio ao consumidor nas compras de última hora. Junto a isso também existe o outro lado, que é o desperdício de comida.


Eduardo Abreu é proprietário da padaria Bom Sabor, em Blumenau, Santa Catarina e conta o que faz com os restos: "os pães que sobram (bons para o consumo) são embalados em pacotes menores, com valores baixos, em torno de R$1,50, e são vendidos no dia seguinte. Outros produtos são distribuídos entre os funcionários, que levam para a casa. Outras vezes, damos para os pedintes", afirma. Outro proprietário, que prefere não ser identificado, diz: "fazemos torradas, ou farinha de rosca, se não tem jeito é jogado fora, se eu distribuir o que sobra no fim do dia, as pessoas não compram. Se eu der sempre para os pedintes, vão querer todo dia", observa.


Mesmo assim, existe um número grande de produtos que vão para o lixo, pois muitas padarias não tem uma previsão se o dia será produtivo. Outras já tem uma média do que será vendido. Quando falta pães para o público é oferecido o pão de forma, que tem um tempo maior de validade. Ambos os proprietários estão preocupados com o desperdício.


Também, para fazer os pães, é usada uma quantidade grande de água: para oito fornadas (com 40 pães cada uma), são necessários 14 kg de trigo e 5 litros de água. Muitas vezes os 320 pães produzidos não dão conta da demanda e outras fornadas são feitas, aumentando o uso das matérias primas e o risco de ter sobras. A água utilizada no preparo tem que ser gelada, o que é um detalhe interessante. O consumo de energia para isto é assustador, pois só o forno preenche 70% de todo o ambiente. Se levar em consideração outros maquinários e que o tempo para fazer os pães é de 20 minutos, o gasto da padaria com eletricidade equivale, em média ao de 20 residências.


A reciclagem de lixo não é feita, mas a separação sim, pois, é obrigatória em todos os ambientes, de acordo com a vigilância sanitária. Infelizmente os restos de comida vão para o lixo. Não existe um lugar separado para o tomate cortado, a fruta descascada e as sobras de tantas outras doçuras.


RECICLAGEM

Existem duas formas de reciclar o lixo orgânico, a primeira delas é a compostagem que irá nutrir a terra e evitar que o lixo seja levado ao aterro sanitário e prejudique o meio ambiente. Pode ser feita em casa, em padarias, e em outros lugares em que haja grande desperdício de comida. A outra opção é ter um triturador, que além de deixar o lixo seco, sem água, deixa o saco pesando menos. O problema é que essa opção pode deixar as tubulações de esgotos entupidas.


Portando, produzir com mais racionalidade e promover a reciclagem dos resíduos são fatores determinantes para o sucesso não somente dos pães, mas do negócio e do meio ambiente.

 
 
 

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